quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Sobre viver, aprender e.... dividir.


- AAAi, essa é de longe a sobremesa que eu mais gosto. Não entendo como você ta conseguindo ficar sem chocolate, Li.
- Tá, mesmo se eu estivesse comendo, você não ia me dar um pedaço, você sabe disso.
- Não mesmo. I don’t share food.
- Hahaha mané. Você não divide nada, você sabe disso.
- O que? Fala aí então, Mrs. “EU NÃO EMPRESTO SAPATOS.” Mas sabe, eu sei que vai chegar uma hora que eu vou querer dividir isso, que eu vou querer dividir muito mais.
- Ah, vai chegar uma hora que você vai cansar de viver sozinha e querer dividir seu sorvete de kinder ovo com alguém? VOCÊ?
- Li, não é isso, é dividir tudo, sabe? Desde meu sorvete até meu CKone.
- Ai, pode parar, você sabe que eu não acredito em perfume “unisex”, sempre a mulher fica com cheiro de homem e o homem com cheiro de mulher, essas coisas não funcionam. Sem contar que perfume de homem é muito melhor. Perfume unisex é tipo tamanho único, one size fits all, não funciona pra ninguém. Mas eu não vou negar, eu concordo contigo, chega uma hora que a gente precisa dividir as coisas com alguém e não é amizade, né?
Incrível como uma simples conversa na Freddo faz a gente pensar.
Realmente, chega uma hora da vida que todo mundo quer dividir com alguém. Dizem que é por medo da solidão, discordo, ninguém nunca está sozinho, por mais que acredite estar. Sempre vai ter algum amigo, alguém da família do teu lado, mas, certamente, não é com seu avô que você quer dividir seu suco de laranja e a página de esportes do jornal no café da manhã. Não é com sua priminha que você quer dividir seu travesseiro da Nasa vendo aquele filme que só você sabe como é bom. Não é com sua mãe que você quer dividir o volante do carro até a praia. Não é com seu amigo/parceiro de Woods na quarta que você quer dividir sonhos, planos, angústias. Pode até ser, mas não são desses tipos de planos que eu tô dizendo, não são planos de amigo, de passar o carnaval juntos, beber estilo “Maysa”( a cantora, não a criança), dançar até nascer o sol ,mentir o nome na balada e criar aquele business promissor na praia. São aqueles planos a longo prazo, ou médio ou até curto, mas são planos que revelam, mesmo que só uma pontinha, do que nós realmente queremos pra vida.
Pode ser que isso já esteja acontecendo contigo(e comigo), pode ser que demore a acontecer. Não sei te dizer o momento exato que acontece, mas sei que leva em consideração três fatores principais: experiência, valores e amadurecimento. E digo mais, esses três fatores dependem diretamente do tempo.
Que atire a primeira pedra quem jurar, de pés juntos, que seus valores continuam os mesmos desde os 5 anos de idade. Ah, cá entre nós, você sabia muito pouco sobre valores aos 5 anos, sabia o que seus pais te ensinavam, o que moldou sua educação e , é claro, é importante até hoje, pois a partir desses valores iniciais, você descobriu seus valores de hoje em dia, você moldou seus princípios.
Mas de nada valeriam seus valores sem a sua experiência e por experiência eu quero dizer, TODA a sua vivência, em todos os âmbitos, até o dia de hoje, todos os amigos feitos, perdidos, recuperados e aqueles que nunca se separam, todas as suas notas desde a 1ª série até o dia de hoje, sejam boas, ruins, médias, fruto de estudo, dedicação ou de uma boa cola de um bom aluno sentado a sua frente, todos os seus relacionamentos com homens/mulheres, sejam eles de uma noite, um dia, uma semana, um mês, um ano, vários anos, sejam eles nascidos em uma balada, em uma conversa de MSN, em um encontro arranjado por amigos, em um encontro arranjado pelo destino. Todas as suas viagens, sejam elas até Matinhos ou até o outro lado do mundo, toda a vivência em lugares que você não pertencia mas que se adaptou(ou não). Todos os seus erros, acertos, tropeços, pés e braços quebrados, todos os seus cortes, suas cicatrizes, aparentes ou não, todas as suas mágoas, as suas descobertas, todas as suas vitórias, as suas derrotas, todas as vezes que você perdeu no Winning Eleven e deitou no futebol de verdade, todas as vezes que você chorou escondido ou em público, que bebeu demais, que bebeu de menos, que bateu o carro, que bateram no seu carro, que ganhou emprego, que perdeu emprego, que soube aproveitar, que deixou passar. Sua experiência é a soma de toda essa vivência com uma pitada de nostalgia, que nos faz sentir falta, valorizar, mas principalmente, aprender com o que passou.
E por último, o amadurecimento, sendo bem prática, daria pra resumir em experiência + valores, mas eu (e você que está lendo) sei que não é bem assim que funciona. O amadurecimento, logicamente, vem com nossos erros, acertos e é baseado nas experiências e nos valores, mas não existe fórmula secreta para amadurecer. Um dia, simplesmente, você amadureceu. Crescer é perceber que suas roupas não servem mais(engordar também), amadurecer é perceber que você não cabe mais naquelas roupas, que você mudou, que aquele tênis já não combina mais com seu jeito, que aquela saia já não reflete mais o que você quer que alguém pense de você,que aquele seu antigo pensamento já não cabe mais na sua cabeça.
Enfim, quando você perceber que amadureceu, você vai perceber que de nada valerá todo o resto, se não tiver alguém com quem dividir esse resto. Os próximos momentos, as próximas experiências, os próximos sorvetes de Kinder Ovo e até os próximos “perfumes unisex”(blé) e por que não, a vida?
Afinal,só quando você amadurece, você percebe o sentido daquela frase, daquele mesmo filme que só você sabe o quanto é bom: hapiness is only real when shared.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Uma mistura de Bender e Jabor.

Se a Jackie não tivesse ido pra Naples e me trocado por um americano, ela estaria dizendo nesse momento " Bender, pare de ler Jabor.", mas ela foi. Se a Lih não tivesse ido pra Baltimore e me trocado pelo Blake e pela neve, ela diria "O que a gente vai fazer hoje,xará?" mas ela foi. E então eu fiquei em casa, num calorzinho ideal pra sair, lendo Jabor. E aí eu comecei a misturar pensamentos meus naquelas crônicas manjadérrimas de orkuts de menininhas dele. Percebi algumas coincidências bobas, coloquei e tirei idéias, minhas e dele. E lembrei que eu voltei dessa viagem ao outro lado do mundo, literalmente, sem acreditar em coincidência. O resultado, ruim, mas sincero, você lê(se quiser) abaixo.

Crônica do Amor

Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta. O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar.
Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Até porque você pode preferir Chico a Caetano e achar um fumante bem charmoso.
Ama-se pelo cheiro,seja daquele perfume que você não consegue lembrar o nome ou seja por aquele cheiro que você não lembra da onde conhece até que conhece o dono dele, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca e você tanto gosta.
Ama-se pelo tom de voz,ouco que nem o seu, imponente ou grosseiro, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.
Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco.Você, logo você, que devia saber que ela odeia flores. Devia ter mandando aquele chocolate. Ou não, ela parou de comer chocolates e também está parando de comer carne vermelha. Mas você não sabia ou fingiu que não sabia.
Você gosta de rock e hip hop e ela de chorinho,de pagode, de sertanejo.Você até gosta de praia, mas não é chegado a uma areia, enquanto ela chega as 10 e só sai quando tá escurecendo.
Vcê abomina Natal e ela detesta o Ano Novo, tem vontade de chorar, não sabe explicar porque, quando começa a contagem regressiva. Nem no ódio vocês combinam!
Então?Então, que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Ela provoca, anda diferente, atende o telefone querendo desligar. Você fala daquele jeito que ela detesta, bebe demais, dirige muito devagar.
Isso tem nome.
Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário enquanto você desfila o Izabelle Wen que trouxe da sua última viagem e demora 20 minutos só escolhendo os sapatos. Você não arranja um emprego de forma alguma e ele arranja vários mas não emplaca uma semana neles.
E é meio galinha. Meio não, galinha por inteiro. Não pode ver uma saia que não controla os olhares. E você?No fundo, você adora.
Ele não tem a menor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo. Ué, não era tu que não acreditava mais nisso? Que achava ridículo?
Por que você ama ele?
Não pergunte pra mim; você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu valor.
É bonita, retoca os defeitinhos com uma boa maquiagem e sempre compra os cremes que acredita fazerem milagres. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Ou você faz acreditarem que tem. Pinta os olhos pra parecerem maiores do que já são e ensaia olhares antes de usá-los, mas quando usa, parecem naturais. É dom, charme, é o que dizem.
Ele? Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura por tecnologia e não entende como você não comprou nenhum eletrônico na viagem. Você foi pro paraíso da tecnologia e voltou com uma mala de maquiagens? Ele ri da sua falta de vontade de aprender a mexer na televisão nova e se irrita com sua mania de apertar todos os botões achando que vai fazer funcionar algo.
Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e aprendeu a não julgar as pessoas, voltou mudada, tá escrito na sua cara, até a família tá comentando.
Com um currículo desse, criatura, por que está sem um amor?
Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados.
Não funciona assim.
Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. E nem adianta tentar achar no Orkut as exs namoradas loucas e as comunidades estranhas. Colocar o nome no Google é pior ainda. Você diz que não está procurando. "Pra que amor? Eu tô comprometida com a minha carreira." Mentira, solta sorrisos à toa quando uma nova possibilidade aparece. Diz que gosta é da sedução, da conquista, que não apareceu ainda e talvez que nem apareça alguém que te coloque no lugar. Mas também você não está procurando, não é?
Amar?
Ama-se justamente pelo que o amor tem de indefinível.
Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó! Mas eles te enjoam, te fazem promessas que você preferia não ouvir e quando você percebe, não quer mais responder mensagens e prefere ficar vendo Sex and the City pela vigésima vez do que sair com ele.
Não adianta, ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! E talvez por isso, você tenha desistido, largado mão do amor... mas ainda pede quietinha sempre que aparece um " possível amor" que seja esse o "the one", afinal pedir é a maneira mais eficaz de merecer, é a contingência maior de quem, não admite mas, precisa.