sexta-feira, 20 de março de 2009

Brincando de(e com) Vinícius.

Para viver um grande amor é preciso saber de paz e de tormenta. É preciso sempre estar pronto para acalmar, animar, cantar, dançar, beijar a qualquer momento. Para viver um grande amor é preciso olhar pros lados, desviar o foco, deixar acontecer. É preciso parar de procurar e começar a viver. Para viver um grande amor, é preciso saber cozinhar, seja uma boa sobremesa ou aquele penne ao pesto que só você sabe o quanto é bom. É preciso saber dirigir, a vida e um carro, não necessariamente bem, ambos, mas desde que tenham um rumo certo a ser seguido, não aconteceram grandes problemas.
Pra viver um grande amor é preciso ter memória. Para datas, falas, fatos, mensagens, filmes, livros, cheiros. Para viver um grande amor, já diria Vinícius, é preciso saber tomar whisky. E champagne de vez em quando, vinho sempre, cerveja nos dias de calor, refrigerante (light/diet/zero), água, café. É preciso conhecer bem o momento. Chimarrão. Mas não mate, chá mate não é para o amor.
Para viver um grande amor é preciso falar, conversar, bombardear com perguntas. Trocar experiências, discutir política, filmes, big brother, horóscopo. É preciso diálogo. Comunicação de mão dupla.Para viver um grande amor é preciso paciência e quanta paciência. Na tpm, nas crises pré entrevista de emprego, nos dias de choro, nos dias sem choro. É preciso entender. Entender que “ficar sozinho” é necessário, sair com os amigos mais ainda, beber além da conta faz parte e ter vícios pode ser até charmoso. É preciso saber perdoar. E realmente esquecer.
Para viver um grande amor é preciso mais do que ser fiel, é preciso ser leal, é preciso ser verdadeiro, sincero, honesto. Para viver um grande amor, antes de tudo, é preciso querer viver um grande amor. Entregar-se, sem negação, viver com intensidades aqueles pequenos segundos de olhares, frases com entrelinhas interessantes, aquela angústia da incerteza. É preciso sentir, realmente, butterflies in your stomach e dor na mandíbula de tanto sorrir.
É preciso surpreender, pegar o carro as 4 da manhã pra dar um beijo de boa noite, sumir e voltar, mas sempre se fazer presente. Para viver um grande amor é preciso desencanar das gordurinhas e celulites e de ter um olho maior que o outro, é preciso começar vivendo um amor consigo mesmo.
Pra viver um grande amor, tem que gostar de samba,de rock, de sertanejo, de músicas românticas fundodepoço, tem que arriscar uns passinhos de dança, saber cantarolar uns versos e prestar atenção nas letras. É preciso aceitar amizades antigas, receber novas e, claro, gostar de crianças. É recomendável dar apelidinhos fofos, ridículos e manjados, mas que arranquem um sorriso no meio de uma briga ou demonstrem que está tudo bem depois dela.
É preciso telefonar e atender ao telefone, mas não sempre. Sem grudes, sem patrulhas. Para viver um grande amor é preciso entender de distâncias. Aquelas que chegam doer e aquela que é totalmente necessária nos dias de mau humor. Para viver um grande amor é preciso gostar de futebol, mas não necessariamente torcer pro mesmo time. é preciso sentir vontade de assistir clássicos juntos, tentar entender o que é impedimento e provocar quando o time do outro perde.
É extremamente necessário sentir ciúmes, não ciúme doentio, de fazer barraco e pagar de louca, mas ciuminho daquelas outras que mandam recados, daqueles outros que causam um perigo na “sua área”, é preciso fazer bico quando for dizer “eu só sinto ciúmes porque eu gosto de você.” É preciso brigar de vez em quando, discordar da cor do esmalte, do filme pra assistir, da posição política. Mas tudo isso pra depois fazer as pazes e perceber que nada é maior que...o amor.
Mas tudo isso não adianta NADA , se nesta selva oscura e desvairada não se souber achar a(o) bem-amada(o) — para viver um grande amor.