quarta-feira, 26 de maio de 2010

A vida após a morte.

Não vou falar do filme do Chico Xavier, não. Até porque eu tenho medo dessas coisas. Nem da novela (bizarra) do Daniel, porque sei lá, não consigo entender. Mas respeito.

Vou falar da minha vida, após a morte de algo que ERA a minha vida. E só pra deixar claro, morte nesse caso quer dizer fim. Pra sempre. Mas como todo fim é um começo...

Sofri sim, chorei sim, gritei sim, passei por todas as fases. Não vou negar nada, vou ser sincera.

Quantas vezes eu já escrevi aqui de amor, de fim de amor, do que fazer e bla bla bla? Acontece que, na prática, não é bem assim que a banda toca.

Vamos a minha experiência:

O começo é a pior parte, podem te falar que não, podem te falar que 'vai piorar', mas acredite, NÃO VAI. O começo são os primeiros dias, aqueles que você SÓ chora, grita, fica com a maior dor do mundo. Lógico, te arrancaram o que você tinha. Te tiraram sem pedir por favor e sim, é BEM ISSO que você vai sentir. Sentir que arrancaram um pedaço de dentro de você e se, no seu caso, for igual ERA no meu, em que era um pedaço FUNDAMENTAL da sua existência, aí sim, vai doer como nunca doeu. Não adianta rezar, pedir pra Deus, Buda, pai de santo, ninguém vai tirar sua dor.
Aí você vai sair, como eu sai, beber, como eu bebi, falar tudo que você quer falar e suas amigas (ai meninas, sorry) vão ouvir pacientemente, te dando razão e falando que queriam ser como você, mas ainda não vai passar.
Aí você vai sair de novo. Vai beber whisky, cerveja, vodka. E na volta pra casa, vai ter uma conversa importantíssima, dirigindo mesmo, em voz alta, concordando e discordando, com você mesma. Aconteceu comigo e aí sim, começou a passar.
Nessa hora, você com você mesma começa a perceber certas coisas:
1) Você realmente é forte. Mas isso nunca deu e nem dará o direito das pessoas te tratarem mal ou te fazerem sofrer.
2) Você realmente era demais pra ele. E sem humildade, era mesmo.
3) Você nem tava mais feliz, você chorava umas 4 vezes por dia, tinha esquecido do que você realmente gostava, gastava rios com celular, quando, na verdade, o que você gosta é gastar com sapatos e maquiagens.
4) Resolvi que eu ia esgotar os sentimentos. Chorar até não conseguir mais, até cansar de usar lágrimas como demaquilante. Sentir raiva e xingar até não saber mais palavrões. Eu iria até o fim, pra acabar com aquilo que (clichê) tava acabando comigo.

De repente, você resgata pequenas coisas. Primeiro, aquelas que você deixou de fazer porque o ex não gostava e agora você faz SÓ por isso.
Depois você vai ouvir Mariah Carey, Shakira, Kelly Key e cantar bem alto ' baba,olha o que perdeu', imaginando a figura do dito cujo.
Devagarzinho,vai passando. Você vai se livrando da dor, das memórias, mas aí vem a (melhor) fase. A RAIVA.
Finalmente você vai cair em si. Vai perceber o quão TROUXA você foi em alguns momentos (ou nem foi tanto,mas vai parecer que foi a pior do mundo), vai gritar, vai querer matar, vai falar verdades e mentiras, vai querer mandar bater. Vai contar todos os piores defeitos dele pras suas amigas. E vai jurar NUNCA mais mudar na-da por ninguém. Vão te amar? Vão te amar do jeito que você é, bebendo coca light de manhã, dormindo as 4 e acordando as 13, fazendo faculdade de Comunicação, dirigindo mal.
Também vai passar. E aí sim vem a verdadeira melhor fase. Aquela que você sabe quem você tem pra te ajudar, pra te dar a mão e te tirar dali, mas você sabe que precisa fazer isso sozinha.
Você vai entender quem você é, o que você fez, o que você está disposta a fazer.
Vai pensar tanto que vai ter dor de cabeça. Vai se dividir entre comentários dos amigos, opinião de família e Sex and the City. Vai achar seu ponto fraco e seu ponto forte.
E vai começar tudo outra vez.

A vida é um ciclo, com mil mortes no caminho. Com um milhão de fins que resultam dois milhões de começos. Você vai se olhar, durante várias vezes, no espelho e em fotos e nem vai se reconhecer, seja pelas atitudes, pelas mechas, pela ruguinha(argh!), pelas roupas, pela época. Você vai jurar nunca mais se apaixonar e se apaixonar de volta. Vai jurar que vai parar de comprar e gastar 300 reais em uma bota, no mesmo dia. Vai mentir no TCC, mas ser verdadeira na vida. Vai engolir o que você não gosta, pra manter as aparências. Vai parar de engolir o que você gosta, pra ter uma boa aparência. Vai fazer novos amigos. Vai dirigir as 4 da manhã cantando Justin Bieber e rindo de você mesma. Você vai mudar. E a graça não é aceitar ou não aceitar, gostar ou não gostar disso. É entender que vai acontecer.
Você vai rir,chorar, acertar e errar. Errar muito, irremediavelmente. Vai correr, dançar, cair.Levantar.

O saldo de tudo isso é o que faz valer a pena, é o que você aprende.

Eu? Eu não me arrependo de nada do que eu fiz. Faria de novo, não por ele, mas faria. Aprendi que não importa o quão grande pareça sua dor, ela vai passar. Aprendi que não dá pra contar com todo mundo, mas tem aqueles que você pode contar de olhos fechados e que valem por um exército. Aprendi que se for pra reduzir minha vida a um relacionamento, vai ser comigo mesma. E isso,lógico, também é mais fácil na teoria. Aprendi a me entender, a me aceitar. Entendi que eu nunca vou ter o nariz perfeito, nunca vou ser magrinha, sempre vou ser a mais baixinha. Aprendi que gosto de colo sim, que eu preciso de atenção, que eu não vou abrir mão do jogo do Grêmio por nenhum outro. Aprendi que não dá pra esperar dos outros o que a gente faz por eles. Cheguei a ficar desacreditada. Mas não era eu, era alguma fase da Lígia em coma emocional, algo que eu não estava respondendo por mim, estado vegetativo, essas coisas.

Eu sempre acreditei no amor, acima de tudo, em todas as formas. E não é uma mortezinha dessas que vai me fazer perder a fé ;)

Words are not enough.

Não adianta eu ficar tentando escrever algo gigante. Não existem palavras, gestos, imagens, piadas internas capazes de demonstrar o quanto eu sou grata a vocês.

You bring me back to life. Thank you. AMO vocês.

E como já diria o Big:

"You are the loves of her life and a guy would be lucky to come on fourth."