quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Daddy's girl.

Que injusto. Tava lendo tudo isso aqui e percebi que (além de eu postar muito raramente) pouco falei do meu pai. Além de injusto, é absurdo, porque eu e ele somos a melhor combinação cósmica possível. Podemos passar dias juntos que sentimos saudades no dia seguinte, podemos brigar e quebrar o pau por um dia, mas voltamos a nos falar e fazer doce, do tipo "você não me ama mais" só pra ter atenção.
O meu pai não é uma pessoa difícil de ser definida, talvez por ele não ser uma pessoa difícil. Aliás, como alguém que atende por "Tio Minas" pode ser difícil? Quem vê todos os dias de camisa social não acredita que ele pediu por favor pra ir duas vezes seguidas na Splash Mountain enquanto fazia 5 graus. Ou que comprou uma touca do Mickey no momento em que pisou no parque e usou por todos os dias. Quem vê falando sério, discutindo licitações e mediações e mil coisas que eu nem tenho idéia do que se trate, não acredita que ele negociou jade em Taiwan porque 200 NTs( algo tipo 10 reais) era muito caro por 35 (!) peças. E achou graça, riu durante toda noite e me zoa até hoje, porque me roubaram no troco e eu não consegui discutir pra reclamar. E riu mais ainda e achou ainda mais graça quando tentaram me comprar por camelo e petróleo no aeroporto.
É quase uma bipolaridade,o pai piadista que adora contar das épocas que ia pros jogos e o empresário bem sucedido que não queria que a filha única fizesse faculdade de moda. O pai que me ensinou tudo que eu sei de futebol porque queria um menino e que entende porque eu gasto 2 horas na Sephora em cada viagem.
Desde que eu me conheço por gente, é assim. Me abraça, me aperta, me oferece dinheiro pra cortar o cabelo curto, ama cozinhar e faz tudo que eu peço e se apega as minhas amigas tanto quanto eu. Desde que eu me conheço por gente, me dizem que o relacionamento que uma guria tem com seu pai molda os relacionamentos que ela terá durante a vida. Pensando até hoje, até que faz algum sentido.
Todos os meus flertes/namorados eram piadistas. Meu pai adooooora uma piada e faz questão de contar uma sequência pra todas as pessoas que ele encontra. (QUASE) todos eram nerds ou curtiam muito o que faziam da vida. Meu pai nunca tirou menos que 8 e acha um absurdo eu ter pego final no último semestre de faculdade. Todos curtiam beber. Hoje, meu pai não bebe mais, mas só pelas histórias que ele me conta, de verdade, Rafael do Polegar fica no chinelo. Todos amavam seus carros e times. Tudo que eu sei de futebol e carros, aprendi com meu pai. Pra tirar ele do sério, nunca consigo arranjar um atleticano. Ele responde, rindo "não dá uma dentro,heim Lígia? Mas paranista nem tem graça, não dá pra tirar sarro...pior se fosse coxa!".
Talvez as pessoas que dizem que os meninos casam com pessoas parecidas com suas mães e as meninas com seus pais estejam certas. Ou talvez eu só esteja acostumada com o melhor e não consiga me contentar com nada inferior. Se for a primeira opção, lucky me. Se for a segunda? Lucky me, porque ter um pai que além de tudo isso topa entrar no meu Baile de Formatura com "MARAVILHOSA,GOSTOSA, O CREME DO VERÃO..." já é a maior sorte do mundo.
<3